Esquizofrenia: Descubra Como Detectar O
Problema
A esquizofrenia é uma doença mental que
afeta a zona central ‘do eu’ e altera a estrutura vivencial. O portador de
esquizofrenia quando em surto, costuma agir em função dos seus delírios e
alucinações, perdendo a liberdade de escapar a essas vivências fantásticas.
Cerca de 1% da população é acometida pela doença, geralmente iniciada antes dos
25 anos de idade. “A esquizofrenia se
caracteriza por distorções características do pensamento, da percepção e por
inadequação dos afetos. Usualmente o paciente com esquizofrenia mantém clara
sua consciência”, explica o psiquiatra Deyvis Rocha.
Descrito pela primeira vez no fim do século
XIX pelo psiquiatra alemão Emil Kraepelin (1856-1926) com o nome de dementia
preacox, o transtorno ganhou esse nome em 1911, autoria do psiquiatra suíço
Eugen Bleuler (1857-1939). A palavra é resultado da junção dos termos gregos
skizo (divisão) e phrenos (mente), devido aos sintomas que provoca. Entenda um
pouco mais sobre a doença que apresenta 56 mil novos casos a cada ano no
Brasil.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é estritamente clínico. Não
há exames que a confirmem, no entanto eles não são dispensáveis. Por meio de
exames, como a ressonância magnética de crânio, é possível descartar outros
quadros e reforçar o diagnóstico da esquizofrenia.
Quais são as suas principais
características?
A esquizofrenia pode se apresentar de
várias maneiras. Com os sintomas sob controle, a pessoa pode até levar uma vida
normal. No entanto, no surto psicótico, são comuns as alucinações auditivas e
táteis, menos frequentemente as visuais, e os delírios que giram em torno de
ideias de perseguição ou de complô. Os sintomas negativos são caracterizados
pela falta de interesse e de engajamento, levando ao distanciamento do contato
social e maior dificuldade em estabelecer laços afetivos estáveis.
O sintomas depressivos (tristeza,
menos-valia) e cognitivos (déficit de atenção, de planejamento) também são
frequentes e ocorrem mesmo fora das crises.
Como funciona o cérebro de uma pessoa
esquizofrênica?
O modelo mais conhecido para explicar os
sintomas da esquizofrenia é dopaminérgico. A dopamina é um neurotransmissor
associado às sensações de prazer e de recompensa e que é encontrado em uma das
regiões cerebrais mais profundas: o mesencéfalo. Nas pessoas saudáveis, a
dopamina é liberada em quantidades equivalentes para os lobos frontal e
temporal – sendo que o primeiro é responsável pela elaboração do pensamento, e
o segundo, pela percepção e pela memória. O cérebro do paciente com
esquizofrenia funciona como se houvesse menos dopamina no lobo frontal e mais
no lobo temporal. Essa falta provoca apatia e lentidão de pensamento. Já o
excesso de dopamina na região temporal provoca delírios e alucinações. Essas
duas falhas contribuem para o aparecimento dos sintomas da doença.
Qual a recorrência dos surtos?
O curso da esquizofrenia mostra uma grande
variação entre os indivíduos. Há casos em que os sintomas negativos estão mais
presente e são mais graves desde o primeiro surto, em que há maior
comprometimento social. Um pequeno grupo de pacientes mostra uma progressão
deteriorante ao longo do tempo. Outros casos começam com um surto psicótico
agudo sem qualquer sintoma negativo e que, com o tratamento, não voltam a ter
surtos.
Quanto mais longos e frequentes os surtos,
mais prejuízos trazem aos papéis sociais do portador, pois mais difícil é a
recuperação completa do paciente. Por isso, é importante que o acompanhamento
clínico se inicie o mais rápido possível.
É uma doença genética?
É um transtorno neurodesenvolvimental, ou
seja, que se inicia quando o bebê ainda está sendo formado dentro do útero.
Porém, apesar de tão precoce, a doença só é identificada na adolescência ou na
fase adulta, pois é preciso que o cérebro amadureça para que os sintomas se
manifestem. Apesar da existência de características hereditárias genéticas que
colaboram para a doença, elas não são determinantes. Dizemos que o indivíduo tem uma predisposição
genética que, combinada com a interferência, do ambiente desencadeia a doença.
Os fatores ambientais mais importantes para o desenvolvimento da esquizofrenia
são as complicações de gestação e do parto, crescer em centros urbanos, ocupar
posições de minoria social e o uso de maconha na adolescência.
De que maneira a esquizofrenia interfere na
vida do portador?
Há pacientes que, fora do surto,
comportam-se normalmente, trabalham, estudam e cuidam de suas famílias, sem que
a doença interfira no seu cotidiano.
Porém, há casos em que a doença afeta mais
gravemente a vida do seu portador.
De maneira geral, durante o surto, o
paciente pode tomar atitudes influenciadas por vozes alucinatórias de comando
ou por delírios de que está sendo perseguido.
Em situações mais graves, a
pessoa pode necessitar de internação. Claro que isso deixa uma marca na pessoa,
que vai da vergonha ao auto-estigma, contribuindo para a sensação de
desmoralização que muitos dos pacientes têm.
Os problemas cognitivos, representados pela
dificuldade de atenção, de planejamento e execução de tarefas, podem prejudicar
o desempenho acadêmico e laboral do portador, mesmo quando ele não está em
surto.
O indivíduo pode também ter dificuldades
para criar e manter laços sociais, por uma dificuldade em “ler” as demandas
sociais. O portador de esquizofrenia tem mais dificuldade em lidar com momentos
de conflito, perdas e mudanças.
Como é o tratamento?
Sem dúvida alguma, o principal tratamento
são as medicações chamadas antipsicóticas. Elas vão permitir aos pacientes
superarem o surto e evitar recaídas. Com essa estabilidade proporcionada pela
medicação, eles podem se engajar em terapias sociais, como a terapia
ocupacional e atendimento psicológico, que visa oferecer ao portador condições
para enfrentar a vida, seus conflitos e suas questões.
Há cura para o problema?
Até o momento, não há cura para a
esquizofrenia. Assim como várias doenças crônicas, como o diabetes e a artrite
reumatoide, o que objetivamos é o controle sintomático que permite ao paciente
ter uma vida normal. Hoje em dia, pesquisas têm sido desenvolvidas para a
fabricação de medicações cada vez mais específicas, com menos efeitos
colaterais e com raio de ação em sintomas cognitivos e negativos.
Um dos caminhos mais promissores hoje em
dia diz respeito à prevenção da esquizofrenia, através da identificação de
jovens em risco de desenvolver o primeiro surto psicótico. Adolescentes que começam a ter uma queda em
seu rendimento escolar e das suas atividades sociais, e que começam a declarar
crenças religiosas ou ideias filosóficas estranhas ao meio em que vive, são
candidatos à intervenção psicológica precoce, visando impedir o aparecimento do
surto completo.
Créditos: http://deyvisrocha.com/2012/06/esquizofrenia-descubra-como-detectar-o-problema/#sthash.fsHhbHri.dpuf
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